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Florestas e cultivo de alimentos na mesma área de terra: é preciso pensar nisso


Um artigo publicado no portal getpocket.com (aqui você encontra a íntegra, em inglês) aborda uma situação que precisa de atenção de todo o planeta: como ter florestas e produzir alimentos na mesma área de terra. Segundo o conteúdo assinado por Paul W. Thomas, professor honorário do departamento de ciências biológicas e ambientais da Universidade de Stirling, na Escócia, a transformação de florestas em terras agrícolas está crescendo a uma velocidade muito alta.


"Entre 2015 e 2020, a taxa de desmatamento foi estimada em cerca de 10 milhões de hectares por ano. Em comparação com 2012, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) prevê um aumento maciço na demanda agrícola de 50% até 2050. Na América do Sul, cerca de 71% da floresta tropical foi substituída por pastagens e outros 14% foram perdidos para a produção de ração animal. Um dos principais sucessos da COP26 foi a promessa dos líderes mundiais de acabar com o desmatamento até 2030.”, cita o artigo.


O corte de árvores tem impactos profundos no meio ambiente e ameaça a segurança hídrica da população mundial. Diante disso, e com a demanda por alimentos, crescendo, Paul analisa a indústria de alimentos e lança uma sugestão.


"Sabemos que alimentos diferentes têm pegadas diferentes. A redução da quantidade de produtos de origem animal terá um enorme impacto. Na verdade, comer menos carne é uma das mudanças mais potentes que as pessoas no ocidente podem fazer para ajudar a salvar o planeta. Mas e se pudéssemos ir mais longe? E se, em vez de ter agricultura e silvicultura em conflito direto, pudéssemos desenvolver um sistema que permita a produção de alimentos e floresta na mesma parcela de terra?"


É nisso que a pesquisa dele se concentra. O professor analisa fungos que crescem em parceria com árvores, em um arranjo benéfico para ambos. O maior progresso até agora aconteceu com um grupo de cogumelos chamado “tampas de leite”. Uma subdivisão é a tampa de leite azul, uma espécie azul e brilhante com o nome de Lactarius indigo.


“Rico em fibras alimentares e ácidos graxos essenciais, a pigmentação azul deste cogumelo comestível significa que eles são fáceis de identificar com segurança. Com extratos demonstrando propriedades antibacterianas e capacidade de matar células cancerígenas, a tampa azul do leite também pode ser uma fonte de potencial farmacológico.”, continua Paul.


Com conhecimento da forma de cultivo, ele acredita que essa é uma forma de unir as florestas à produção alimentos, o que considera um assunto urgente. Segundo a publicação, a agricultura em terras florestais desmatadas é dominada pela produção pastoril de carne, onde são produzidos cerca de 4,76-6,99 kg de proteína por hectare por ano. Se essa área tivesse árvores que hospedam o fungo da tampa do leite, poderia produzir 7,31kg de proteína por ano. Os cogumelos podem ser consumidos frescos, processados ​​ou o teor de proteína pode ser extraído para produzir outros alimentos. Conforme Paul, isso levaria a mais produção de alimentos, aproveitando os os benefícios que as florestas trazem e dispensando os encargos ambientais da agricultura intensiva, como fertilizantes, uso de água ou cultivo de ração adicional.


“A criação de carne bovina contribui para a mudança climática emitindo gases de efeito estufa, mas à medida que essas árvores inoculadas com fungos crescem, elas retiram carbono da atmosfera, ajudando em nossa luta contra a crise climática. Assim, além de produzir mais alimentos, o processo também pode aumentar a biodiversidade, ajudar na conservação, atuar como sumidouro de carbono para gases de efeito estufa e ajudar a estimular o desenvolvimento econômico nas áreas rurais.”, finaliza o professor.

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